Os Pássaros Têm Polegares?
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Vídeo: Os Pássaros Têm Polegares?

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Anonim

PARIS - É o tipo de pergunta que deixa os biólogos acordados à noite: do ponto de vista evolutivo, o dedo mais interno da asa de três pontas de um pássaro se parece mais com o polegar ou o indicador?

Um estudo publicado online no domingo pela Nature diz que é um pouco dos dois.

As células-tronco das aves que normalmente produzem o primeiro dígito morrem durante os estágios iniciais do desenvolvimento embrionário, descobriu, enquanto as células programadas para fabricar a unidade de índice dão origem a um apêndice em forma de polegar.

Em outras palavras, o membro nº 2 passou por uma mudança em sua identidade digital.

Todos os animais de quatro patas com espinha dorsal - vertebrados - compartilham um modelo antigo de cinco dígitos por membro. Mas isso não impediu a evolução de gerar um zoológico numericamente diverso para agarrar, agarrar e andar.

As mãos e os pés de humanos e primatas normalmente têm cinco dedos das mãos ou dos pés cada; os pássaros têm três nas asas e dois, três ou quatro dedos nas patas; as preguiças de dois dedos falam por si.

As cobras perdem completamente os membros, enquanto os Pandas têm cinco dedos em forma de garras e um sexto apêndice parecido com um dedão, para melhor agarrar os caules de bambu durante o jantar.

Em geral, é mais fácil perder uma característica através da evolução do que ganhá-la.

Alimentado por evidências conflitantes, o debate floresceu por mais de um século sobre se o andaime tripartido de uma asa de pássaro corresponde ao polegar, dedo indicador e médio, ou aos dedos indicador, médio e anelar.

A pesquisa paleontológica rastreando pássaros até os dinossauros terópodes que vagaram pela Terra duzentos milhões de anos atrás favoreceu a hipótese "um-dois-três".

Pistas derivadas do estudo do desenvolvimento embrionário, entretanto, sugeriram que o cenário "dois-três-quatro" era mais provável.

Trabalhando com galinhas, pesquisadores da Universidade de Yale liderados por Gunter Wagner usaram uma técnica chamada perfil de expressão gênica para resolver o mistério digital.

Eles mostraram que os primeiros dígitos das asas e pés do pintinho surgem do mesmo código genético, mas que, na asa, o dedo se desenvolve a partir da posição no embrião normalmente reservada para o índice.

"Usamos uma nova tecnologia chamada sequenciamento de transcriptoma. Ela já existe há alguns anos e fomos os primeiros a usá-la para essa questão", disse Wagner por e-mail.

O estudo também revelou um novo mistério: a falta de correspondência, ou homologia, entre os outros dois dígitos enterrados na asa do pássaro e os encontrados no pé.

Em biologia, a homologia é uma semelhança fundamental - entre espécies ou, neste caso, dentro do mesmo organismo - com base na descendência comum ou origem de desenvolvimento.

"Queremos descobrir como eles adquiriram uma identidade única", disse Wagner.

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